Noutro
dia li uma frase de um amigo na sua rede social que dizia assim: “Sabe qual é a diferença entre uma mulher com
TPM e um pitbull? O batom.”
Esta frase preconceituosa e degradante limita a compreensão de todos e reduz uma síndrome importante ao mais baixo conceito. Toda e qualquer manifestação de desagrado da mulher e de contraposição a alguma ideia de forma mais exaltada é atribuída à TPM. Na sala de aula, recentemente, minha filha adolescente pediu explicações para a professora sobre uma questão da prova, na qual toda a turma havia se sentido lesada pela questão mal formulada e que induzia ao erro. No mesmo instante dois colegas começaram a zoar com a iniciativa correta dela, dizendo maldosamente, pra deixá-la constrangida: “ela tá de TPM gente”! E todos deram risadas e causou um alvoroço na sala. À noite, em casa, ela me relatou revoltada o ocorrido quando os colegas não entenderam a atitude positiva dela que ajudaria toda a turma. Esses fatos e tantos outros dessa mesma natureza me instigaram a escrever essa crônica ou eu me transformo numa pitbull se não colocar pra fora o que penso.
Esta frase preconceituosa e degradante limita a compreensão de todos e reduz uma síndrome importante ao mais baixo conceito. Toda e qualquer manifestação de desagrado da mulher e de contraposição a alguma ideia de forma mais exaltada é atribuída à TPM. Na sala de aula, recentemente, minha filha adolescente pediu explicações para a professora sobre uma questão da prova, na qual toda a turma havia se sentido lesada pela questão mal formulada e que induzia ao erro. No mesmo instante dois colegas começaram a zoar com a iniciativa correta dela, dizendo maldosamente, pra deixá-la constrangida: “ela tá de TPM gente”! E todos deram risadas e causou um alvoroço na sala. À noite, em casa, ela me relatou revoltada o ocorrido quando os colegas não entenderam a atitude positiva dela que ajudaria toda a turma. Esses fatos e tantos outros dessa mesma natureza me instigaram a escrever essa crônica ou eu me transformo numa pitbull se não colocar pra fora o que penso.
Obviamente, não comprei briga com esse meu amigo. Primeiro devido ao fato de que ele
certamente levaria na brincadeira e no desdém e diria que estou na TPM, porque faz parte do senso comum e do
conceito machista fazer chacotas com essa fase mensal da mulher, que é
terrivelmente dolorosa e estressante, já que há mesmo uma ebulição de hormônios. Em pelo menos 40% das mulheres CAUSAM UM MAL-ESTAR FÍSICO E EMOCIONAL
acentuado.
Sabe
lá os homens o que é todos os meses ficarmos expostas à ação dos hormônios, alguns
dias antes e, depois, no mínimo quatro dias sangrando, com dores nas pernas, nos seios, inchaço e sejam cólicas intermitentes?
Não sabem, nem têm a mínima noção do que é ficar nessa condição e
ainda posarmos de duronas, ter de
mostrar que não estamos nem aí pra esse período e fingir que nada está
acontecendo. Então, façam-nos um favor: parem de jogar na lama nosso nome e passem
a tratar com mais respeito a condição feminina.
Não
se pode mais estressar e dizer algumas verdades que logo vem a célebre frase: “
Ih, sai fora que ela tá na TPM”. Não,
nem tudo é TPM. Por isso faço algumas considerações.
Observem
mulheres que trabalham o dia inteiro sob tensão, tendo que render no trabalho tanto quanto os
colegas que não têm nenhuma síndrome e ainda ganham salários maiores na maioria
dos casos. Percebam algumas delas que dão duro nos escritórios, nas fábricas,
na roça ou nas ruas sob sol escaldante.
Todos os meses estão ali, menstruadas, com as terríveis dores nas
pernas. Pensem na mulher gari ou numa
trabalhadora rural que de sol a sol não têm acesso a banheiros com uma ducha
higiênica, não têm local adequado pra trocarem seus absorventes. Muitas têm de
decidir se compra o leite do dia ou o absorvente que custa caro e que foram
reduzidos na embalagem que continha dez e agora são somente oito unidades. Há
períodos, dependendo do fluxo menstrual, que são necessárias três ou mais
embalagens, onerando os salários já apertados de muitas. E o que dizer dos
chefes que nem desconfiam que aquela tristeza ou a cara de cansada e abatida
tenha a ver com aqueles dias... Cara de paisagem é o nosso melhor disfarce.
Imaginem
também que, após essa jornada, a maioria de nós precisa enfrentar os ônibus lotados,
trânsito de duas horas pra chegar em casa, onde têm filhos esperando, deveres de
casa, roupas sujas, toalhas espalhadas, pias cheias, compromissos domésticos,
jantar, maridos petulantes, incompreensivos, exigentes que, via de regra, se
prostram na frente da TV ou do computador e nada fazem a não ser esperar de mão
beijada que tudo lhe seja dado, sem que eles tenham de se preocupar em dividir as tarefas e nem se a mulher está
disposta.
Pensou
nessa cena? Então diga a verdade. E se você, homem, fosse submetido a tanta
carga. Como reagiria? Então, nem tudo é
TPM, mas um somatório de situações que,
acrescidas ao período mensal influenciam no humor e na disposição feminina
de forma avassaladora. Assim sendo, a
doce e suave mulher acaba se tornando numa
temerosa pitbull à qual meu amigo se referiu na triste frase. E, o que dizer dos
colegas de minha filha, neste caso, quem é o pitbull mesmo? Fala sério!
Neide Pacheco